Por Rudson Mazzorana
Em uma rua sem
saída,
ele pára.
Com mais perna
do que saia,
ela olha.
Janela aberta,
olho esperto
ele flerta.
Com mais batom
do que boca,
ela assopra.
Com carteira
aberta e boca suja,
ele ataca.
De bolso cheio
e navalha afiada,
ela entra.
E depois de
pouco bate-papo
e algum
tic-tac,
a transa rola.
(...)
E é
Na esquina da
boca,
que ele cruza.
E é
Encruzilhado
entre pernas,
que ela prende (...)
(...)
Respiração acelera,
ele acende.
Farol em noite
de primavera,
ela vende (...)
(...) Braços na
contramão,
ele avança.
De joelhos
sobre o asfalto,
ela dança (...)
(...) Com os
cabelos dela na mão,
ele breca.
Com as mãos
lisas no chão,
ela peca (...)
(...) Quadril
elástico, efeito-mola
ele acelera.
Cabeça na lua,
gemido à toa
ela finge (...)
(...)
Porta-mala aberto, marcha engatada
ele estaciona.
Entre lombadas,
buracos e valetas
ela tensiona.
(...) Testa
molhada, cigarro de bolso
ele acende.
Salto-alto e
mini-saia,
ela veste.
Ponto de
chegada é o de partida
ele agradece.
Buzina ativa,
celular vivo
ela atende.
Mãos no
volante, velocidade máxima (...)
Pneu canta.
Cama vazia,
lençol gelado (...)
A outra espera.
Telefone de
casa, conversa fiada (!)
Ele liga.
Coração na mão,
espera aflita (...)
A outra
acredita.
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