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segunda-feira, 16 de julho de 2012

A OUTRA





Por Rudson Mazzorana


Em uma rua sem saída,
ele pára.
Com mais perna do que saia,
ela olha.
Janela aberta, olho esperto
ele flerta.
Com mais batom do que boca,
ela assopra.
Com carteira aberta e boca suja,
ele ataca.
De bolso cheio e navalha afiada,
ela entra.

E depois de pouco bate-papo
e algum tic-tac,
a transa rola.

(...)


E é
Na esquina da boca,
que ele cruza.
E é
Encruzilhado entre pernas,
 que ela prende (...)

(...) Respiração acelera,
ele acende.
Farol em noite de primavera,
ela vende (...)

(...) Braços na contramão,
ele avança.
De joelhos sobre o asfalto,
ela dança (...)

(...) Com os cabelos dela na mão,
ele breca.
Com as mãos lisas no chão,
ela peca (...)

(...) Quadril elástico, efeito-mola
ele acelera.
Cabeça na lua, gemido à toa
ela finge (...)

(...) Porta-mala aberto, marcha engatada
ele estaciona.
Entre lombadas, buracos e valetas
ela tensiona.

(...) Testa molhada, cigarro de bolso
ele acende.
Salto-alto e mini-saia,
ela veste.

Ponto de chegada é o de partida
ele agradece.
Buzina ativa, celular vivo
ela atende.

Mãos no volante, velocidade máxima (...)
Pneu canta.
Cama vazia, lençol gelado (...)
A outra espera. 

Telefone de casa, conversa fiada (!)
Ele liga.
Coração na mão, espera aflita (...)
A outra acredita.

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