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sábado, 28 de maio de 2011

ESTUPRO À BRASILEIRA





Um copo de hipocrisia. Gelo e água para brindarmos o caos. A ordem foi bagunçada pelos que deveriam ser politicamente corretos. Viramos marionetes de um sistema-punheta com leis questionáveis e de politicagem latente.
                Voltamos à era da cadeira elétrica, da caverna do dragão, do pulso cortado, dos olhos vendados e da amordaça na boca. Com algemas nas mãos, os revolucionários são castrados e os rebeldes tornam-se caretas enquanto algum poderoso chefão mata o português, vende a alma, mas não compra cultura nem educação.
Satirizar a desordem e a regressão de nossa bandeira é um crime, no entanto, dinheiro na cueca é sinônimo de patriotismo. Tratar com humor o que já é pesado não é mais humano. Humano, talvez seja,  ver criança na rua vivendo como bicho de pele amarela, pescoço comprido e canela magrela. Ou, então, celebrar a masturbação via-crúcis de um padre que tem o cérebro no meio das pernas e torna-se o Pai Nosso de duas Ave-Marias.
Quem brinca com o cabelo duro da negra e o cérebro burro da loira vira manchete de jornal. Todavia, a festa na câmara dos deputados e a lavagem de dinheiro ganham matéria especial debaixo do tapete. A piada sobre o menino com seis dedos no pé e do gordo com quase duzentos quilos são mais pesadas do que a consciência dos macacos de marfim que estão no poder.
Em um mundo onde não se vê nada e nada é civil; em que tudo se cala e nada se escuta, devemos deixar com que o humor e a liberdade de expressão rendam-se  ao pau-de-arara e à câmera de gás? Talvez o correto seja aderirmos a Teoria Supliciana do relaxa e goza ou, quem sabe, o Método Malufista do estupra, mas não mata.
Caminhar sobre a corda bamba, encontrar-se com uma bala perdida, ter mais prato do que comida, ver narizes-cola que idolatram a droga como se fosse heroína, matar o pai pensando em como enterrar a mãe, perdem-se no meio de um projeto de mundo que busca desenvolvimento em mãos de falsos médicos da política social.
No lugar de soluções para tantas polêmicas, o que fica são pingos de vela sobre as costas de quem fala do negro, corda no pescoço de quem brinca com o monstro do câncer e corte da veia aorta de quem imita um homossexual ou um autista. A verdade é  que vivemos em uma política de pernas abertas que camufla a verdade e é capaz de vender o pai, a mãe e a parceira.
Talvez o mundo ficou careta demais para sorrir, pesado demais ao ponto de não conseguir emagrecer. Talvez alguns evoluíram enquanto outros tantos paralisaram. De repente, tudo ficou regrado e anguloso, chato e sem graça. Mas ainda no meio de tanta chatice, ainda acho engraçado viver em um sistema em que somos mais robôs do que gente, em que ninguém respeita o que ignora e muitos contam o que nunca aprenderam.
A verdade é que o Ontem já não existe mais, cortou a cabeça como aquela velha mula. Entregou-se ao negrinho e pastoreou. O Ontem que ontem brincava com as tranças de Ceci e pegava carona nas pernas do Saci, já ficou para trás. Morreu de chorar perante o sistema e recebeu rezas e flores de Yemanjá. Em seu lugar, nasceu o Hoje para nos assombrar com regras, pesos e medidas infecundas. O que resta pensar é que daqui a vinte anos a lira será o previsível: robôs que farão tudo, inclusive roubalheira, robôs que mentirão e meterão em nós a mangueira; um liquidificador de ideias, invenções cruzadas, novas leis e muita cegueira.
                Rudson Mazzorana

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