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sábado, 28 de julho de 2012

CONFIAR É (...)








"Um verbo difícil de conjugar, e fácil de trair
Fundamental para se viver, e ver até onde se pode ir
Requer algum tempo, testa e seleciona
Pode durar para sempre, mas também chora e decepciona
Quem não confia passa pela vida sem saber o que vale a pena
Perde a chance de conhecer o outro e se livrar do que envenena" 

(Rudson Mazzorana) 



quinta-feira, 26 de julho de 2012

NUA E CRUA





Por Rudson Mazzorana

Há um gemido
Beijos, afagos
Um seio
Orgasmo.

Há solidão na esquina
Faca amolada
Poça de água
Saco cheio!

Há mais preto do que branco
Parede manchada
Um fusca quebrado
Uma alma penada.

Há uma música tocando
Ausência...
Silêncio!
Um cair do quinto andar.

Há um ônibus lotado
Uma esperança à vista
Um sonho sem juros
Um pé descalço.

Há um farol vermelho
Pressa e espera
Um cheiro ruim
Um atropelamento.

Há uma carteira gorda
Um castelo branco
Uma jóia rara
Uma barriga cheia.

Há uma ronda
Travestis (...)
Um apito de guarda
Um de seis com três oitão.

Há notícia (!!!)

De martelo na mão, encerro
a sessão.

Vendido!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

SIMPLES ASSIM!

"Perfeição é apenas uma palavra que precisa de retoques finais, mas mesmo assim nunca será uma obra-prima"(Rudson Mazzorana)


quinta-feira, 19 de julho de 2012

A VIRA-LATA




Por Rudson Mazzorana

Não entendo porque me olha tanto
Virgem não sou, já nasci sem manto
Casei com Judas e o Espírito-Santo
Rezo de quatro, porque o espanto?

Não entendo porque tanto me fuzila
Lave sua boca e sua mão de gorila
Arrume a sua casa feita de pó e argila
Ponha açúcar em teu chá de camomila

Pago aquilo que como, perco noites de sono
Não conheço meu nome, nunca tive um dono
Sou aquela princesa que nunca teve um trono
Minha história é curta, de inverno e abandono




segunda-feira, 16 de julho de 2012

A OUTRA





Por Rudson Mazzorana


Em uma rua sem saída,
ele pára.
Com mais perna do que saia,
ela olha.
Janela aberta, olho esperto
ele flerta.
Com mais batom do que boca,
ela assopra.
Com carteira aberta e boca suja,
ele ataca.
De bolso cheio e navalha afiada,
ela entra.

E depois de pouco bate-papo
e algum tic-tac,
a transa rola.

(...)


E é
Na esquina da boca,
que ele cruza.
E é
Encruzilhado entre pernas,
 que ela prende (...)

(...) Respiração acelera,
ele acende.
Farol em noite de primavera,
ela vende (...)

(...) Braços na contramão,
ele avança.
De joelhos sobre o asfalto,
ela dança (...)

(...) Com os cabelos dela na mão,
ele breca.
Com as mãos lisas no chão,
ela peca (...)

(...) Quadril elástico, efeito-mola
ele acelera.
Cabeça na lua, gemido à toa
ela finge (...)

(...) Porta-mala aberto, marcha engatada
ele estaciona.
Entre lombadas, buracos e valetas
ela tensiona.

(...) Testa molhada, cigarro de bolso
ele acende.
Salto-alto e mini-saia,
ela veste.

Ponto de chegada é o de partida
ele agradece.
Buzina ativa, celular vivo
ela atende.

Mãos no volante, velocidade máxima (...)
Pneu canta.
Cama vazia, lençol gelado (...)
A outra espera. 

Telefone de casa, conversa fiada (!)
Ele liga.
Coração na mão, espera aflita (...)
A outra acredita.

domingo, 15 de julho de 2012

MASTURBAÇÃO VIA-CRÚCIS




Por Rudson Mazzorana


Prendam-me num tronco e cantem a valsa da chibata em minhas costas
Pendurem-me numa cruz, preguem meus pulsos e digam que fui ateu
Contem mentiras, "roubatizem" o sistema, masturbem o que resta de meu País
Joguem-me na lama, estuporem o meu cérebro e estuprem o meu coração
Confisquem meus sentimentos, descartem meus sonhos, louvem o diabo
Vivifiquem-se das trevas, não escovem os dentes, esqueçam das nossas crianças
Glorifiquem a vida num carro importado mesmo sabendo que lá fora morre um milhão
Encham a minha taça com sangue que lhes pagarei com o beijo da morte
Arranquem as minhas pernas para que eu não possa pegá-los na esquina
Matem-me até em sonho, do contrário, voltarei em pesadelo
Digam que sou protestante,celebrem a vergonha dos novos tempos, e esqueçam de Deus
Mortifiquem a sobra das minhas forças e rezem para que eu não ressuscite no terceiro dia
Esgotem a carga da minha caneta e façam um tango com as minhas cordas vocais
Bebam a minha inteligência e se limpem com o resto de carteira que tenho
Adubem este solo e me visitem na prisão
Escravizem o meu povo e protejam-se cheirando à religião
Vomitem em minha sala e desmoralizem os meus princípios
Sequestrem os meus ideais e vendam a minha moral
Suguem o meu cérebro e me convidem para o veneno das cinco
Forjem a nossa História, embaralhem os meus pensamentos, comam mais do que aguentam e defequem no jardim
Avermelhem o nariz do povo, arrotem na sacristia, efetuem a soma e esqueçam a divisão
Rasguem esta carta, a enfiem no lugar que quiserem e façam de mim o que bem entenderem
Só não permitirei que emudeçam a voz da minha barriga que de fome grita
Só não permitirei que envenenem o meu copo que de sede chora
Só não permitirei que destruam a minha alma que de sonho um pouco vive
E se caso me enterrarem, tenham a certeza de que estarei realmente morto (...)
Do contrário, claustrofobiarei no tempo e contarei a todas as larvas sobre as tantas mil que um dia vi. 

sábado, 14 de julho de 2012

BRASIL DE QUATRO







Por Rudson Mazzorana


Cadeira elétrica, caverna do dragão
Pulso cortado, mordida e chupação
De olhos vendados, algemas na mão.

Pau-de-arara, suco de menstruação
Chicote que estala pecado e perversão
De boca aberta, lenço na canção.

Cabo de vassoura, chave da prisão
Corda no pescoço, gelo e tensão
De pés descalços, pena e masturbação.

Pingos de vela, pele e esfoliação
Cobra, barata, mel e sedução
De mãos amarradas, subida e flexão.

Câmera de gás, pimenta na visão
Unha afiada, dedos e arranhão
De pernas abertas, desordem e regressão.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A LIRA DAQUI VINTE ANOS






Por Rudson Mazzorana


Edifícios de mil andares, óculos e viseira
Escada-rolante no lugar de ladeira
Tapete mágico contra chá-de-cadeira

Carros-pássaro, nuvens de poeira
Águia-correio como mensageira
No café da manhã, pílula de cabeceira

Muito dinheiro, gelo e sujeira
Vassoura que voa como companheira
Tele-transporte, quebrador de pedreira

Casa-móvel, mala e escavadeira
Cachorro com seu dono na coleira
Injeção que alegra e combate a canseira

Sapato a jato, aeronave passageira
Olho biônico, boca de furadeira
Saída à francesa, jeitinho à brasileira

Nada de fila, semáforo e buraqueira
Muita mão, perna e boqueira
Camisinha furada, sem choro e mamadeira

Robô que faz, inclusive roubalheira
Robô que limpa e suja, caganeira
Robô que mente e mete a mangueira

Poder que compra e vende munhequeira
Cabresto e binóculo, lupa e coceira
Computador pro jantar, purê de macaxeira

Piscina de coca, guaraná e cachoeira
Liquidificador de ideias, revolução na chaleira
Invenção cruzada, novas leis e cegueira

Telefone sem fio, celular e tranqueira
Muito bagulho, transa e besteira
Vende-se o pai, a mãe e a parceira

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PASSIONAL






Por Rudson Mazzorana


Aquela cama terá o nosso formato
No chão tem sujeira, barata e rato
Coração na mão, nervos no prato
Botas de lama, sangue no sapato

Pescoço na corda, estreitamento de laço
Passei teu vestido, já ensaiei o compasso
Escolhi a canção para encher este espaço
Comprei o anel, e a máscara de devasso

Nariz com nariz e boca na boca
Pensamento insano na cabeça oca
Cubro-te os olhos com gorro ou touca
Tua voz vai gritar até ficar meio rouca

Sirvo o jantar que fiz com carinho
No copo, veneno em pó e leitinho
Taça na taça, brinde, amassos e beijinho
Dormirás como santa, e eu, feito anjinho

Valsa no ar, asas de borboleta
Chá de espera, mel na chupeta
Estrela cadente, último cometa
Serei o Romeo, e você, Julieta